quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Pequenas lembranças

Escrever sobre a nossa cidade não é tarefa difícil; Basta um passeio pelas lembranças da nossa infância, juventude, vizinhos, amigos e algumas leituras logo vem à memória muita coisa para contar. 
Assim, das minhas lembranças e dos relatos ouvidos, já recontei algumas ou muito das lembranças de outrora da nossa cidade. Mas hoje, volto a escrever em homenagem aos seus cem anos de emancipação política.
Pojuca nasce às margens do rio, o qual tem o mesmo nome, Rio Pojuca; Cidade hospitaleira e acolhedora outrora princesinha do petróleo.
O lugarejo dá lugar a Passagem, graças aos boiadeiros que por aqui passavam para abastecerem-se das águas do rio e das suas fontes de água frescas e cristalinas. De Passagem, a Vila foi cresceu: das ruas iluminadas pelos candeeiros, das ruas esburacadas e de quando em tempo lamaçal, eis que surge a cidade que foi dando lugar às ruas esburacadas ao paralelepípedo, as casas de pau a piquei, às casas de platibanda e que com a chegada da energia veio o progresso.   
Quem não conheceu Dona Helena Teixeira, também conhecida como Helena Calado. Uma senhora distinta moradora a Rua Antônio Mota que veio a falecer em janeiro 2010 nas vésperas dos seus 100 anos. Dona Helena professora leiga, figura muito simpática e respeitada recebia a todos que batiam a sua porta com grande entusiasmo, contava da sua infância, dos tempos vividos na Fazenda Pau d'arco da qual usufruía das riquezas produtivas da terra, falava de seus amigos, do crescimento da nossa cidade, mostrava com muita alegria seus bordados e costuras e que com todas as suas primaveras desfrutava de uma memória brilhante.
Pois bem, entre tantos outros moradores antigos da nossa cidade destaquei Dona Helena, pelo seu centenário próximo ao centenário de Pojuca, que da sua infância a sua velhice testemunhou o desenrolar do crescimento da cidade. Ressalto também o senhor José Lemos de Santana filho desta cidade um memoralista nato, que das suas literaturas “Bambangas” conta e reconta em versos e prosa passagens vividas pelos seus familiares, amigos, conhecidos, eventos, cotidiano e forasteiros; uma obra que merece um reconhecimento da comunidade pojucana. 
Quem da geração atual nunca se ouvia falar do campo de futebol. Pois sim, lá pelas décadas de 20 até o inicio de 30, havia um hipódromo. Sim, um hipódromo! Em volta do campo de futebol, localizado do outro lado da linha de ferro, encostado ao cemitério. Daí poder entender o gosto da geração que seguiu pelos cavalos como: corridas, cavalgadas, bolão, vaquejada, corrida de argolinha, rodeio, apartação, pisada e tantos outros esportes voltados ao hipismo.
 Quem da cidade não viveu o drama das enchentes! O rio começava a ingurgitar em seu leito, depois ultrapassava campos, quintais, atravessa o cais e a cidade estava inundada. O comercio paralisava, casas destruídas, estragos infindáveis. Os pais ficavam preocupados com as perdas e com os filhos, isso porque, para garotada era motivo de brincadeira e distração em curtir as águas das enchentes nas ruas principais da cidade.
Dos tempos de infância, juventude, eventos e personalidades marcantes a família pojucana tem muito para relembrar e contar para a geração atual.
Quem não ganhou os quintais das casas vizinhas para o deleite das frutas de época; Quem não viveu as brincadeiras de botão, furão, baleado, pílula, de roda, de anelzinho, alugar bicicleta que para quem não tinha uma era tudo de bom! ... As brincadeiras eram irradiantes dentro das regras adotadas por todos que ao sair da escola já tinha horário marcado. A noitinha ainda não havia televisão em casa de todos, muito menos computador. Assim, as mães sentavam as suas portas de casas e os causos rolavam. A praça virou artigo de luxo para os finais de semana, quando a mãe deixava ir, para brincar no parque.  
Na juventude vieram as casas noturnas; Kurral, o Japeaçu, o Bar de Bileu na INOCOOP e outros. O Clube AIP que tem muito para contar! Lá a sociedade pojucana viveu tempos áureos: nos bailes de carnaval, preto e branco, e tantas outras festas magníficas como: concurso de miss, rainha e princesas da micareta - festa também conhecido pelos mais antigos de como micarane. 
Da culinária de alguns doces que se faziam presentes nos  lanches da  escola: O quebra queixo de Sr. Benvindo, o pirulito de Dona Dina, a banana real do Sr Nelson, a cocada da  Nieta, os bolos deliciosos de Dona Nita, a pipoca, a taboca, o geladinho...  Passar à tardinha na padaria de Sr João e dona Maria para comer um pãozinho doce, era tudo de bom! E o acarajé de Dona Odete no cruzeiro e o de dona Tidinha no centro. Tomar um picolé no bar de Sr, Mudinho ou do Sr. Cravo na Cruzeiro ... 
O comercio era pequeno, mas tinha de tudo para satisfazer a última moda que mais parecia à primeira. Loja do Sr Jonas, Sr Sebastião, Sr Murço como era conhecido. Algumas senhoras traziam roupas de encomenda para  vender em domicilio. Olha eram novidades, uma após outra! E a primeira Butique  foi a de Dona Dulce. Já os homens usavam roupas de encomenda das alfaiatarias da cidade.  A farmácia do Sr Apamnondas mais parecia um boticário, do remédio a perfumaria de tudo se encontrava. Havia alguns Armazéns que se destacavam no comercio: Do Sr Paizinho, Trinchão, Chico de Abreu como era conhecido, do Sr Zequinha e o Sr Zinho. Quem da geração de 60 e 70 não usou um tamanco fabricado pelos Srs. João Pretinho e José  Seleiro. Até a década de 60 ainda não tinha maternidade e a população contava com o apoio de duas parteiras famosas: Dona Helena e Dona Maria José. O medico Dr. José. E os  Dentistas Dr. Alziro e Jurandir. Ainda tinha o Alambiquei para as vendas de bêbedas destiladas e o famoso licor.
Na política  quando da ditadura militar na década de 60 Pojuca foi governada por três prefeitos interinos destaco: José Vardes, Antônio Batista dos Santos e Sr. Fernando Pereira. Como prefeitos seguindo seus mandatos completos tiveram: Walter Mansur, Maria Luiza Laudano, Eudes Guimarães. Dr. Luís Leite, Gerusa Laudano. Já em 2005 houve uma divisão de mandato por conta do movimento partidário e  Dr. Toinho entrega o mandato ao Duda leite. 
 Assim, recontar um pouco da história da cidade pelos seus 100 anos de emancipação política faz viver e reviver um pouco das lembranças nossa de cada dia. 
Em cada canto desta comunidade há um olhar múltiplo de cada cidadão pojucano, das personalidades que marcaram épocas, das pessoas simples, e de todos os políticos. A vida cotidiana de cada um compõe a história fazendo também a história de todos nós que aqui vivemos e dos que viveram deixando suas marcas.
 As  marcas de um passado distante, um presente pleno, e um futuro ainda por viver nesta cidade de pântano podre e de águas límpidas. 
E hoje, Pojuca tem uma nova imagem da qual veste a cara da nova juventude, pois das personalidades simples aos políticos a cidade segue fazendo a sua historia a historia do nosso povo, da nossa gente!
Tania Hosana.