sexta-feira, 6 de abril de 2012


Quando alguém que conviveu tantos anos parte, seu lugar fica vazio, mas sua presença parece permanecer até se diluir na agitação da vida. O homem, na solidão da partida, tende a olhar em torno e ver o vulto dela passar na sombra do anoitecer e ouve ainda sua voz, o ruído de seus passos, suas reclamações, manias, alegrias e tristeza. Todavia, passada essa nuvem ilusória, tudo é silêncio...
Sem lembranças perderíamos os laços que nos unem a quem esteve em nosso destino e que permanece no interior de nós mesmos, como símbolos de momentos, como participantes de nossos caminhos e como amor que nos tornou humanos.
A prodigiosa engenharia da mente humana permite que em cada um, transitem imagens, recordações, sonhos que tomam formas e expressões que animam e dão vida aos desejos e lembranças. Há quem lembre para não esquecer. Teme, culpa-se, quando percebe desaparecer como nuvem que corre no céu tocada pelo vento, as imagens dos que tem que amar. Talvez isso leve tantas pessoas a fixar-se em alguém que partiu, abandonou e tomou novos rumos.
Como também existe quem procure esquecer para não lembrar. Procura esconder em algum lugar de si mesmo imagens, momentos e pessoas que marcaram sua vida de forma amarga, triste ou que tenha produzido uma mágoa muito grande.
Todavia, quando os laços que nos prendem a alguém que foi-se de nós, seja nas penumbras da morte ou nos processos da vida, são de bem-querer, a lembrança flui sutil, natural, emerge da alma como um perfume agradável. A imagem delineada na memória traz saudade. A saudade é envolvimento sensível do espírito em emoções que não apenas lembram, mas vivem em cada um a presença do ausente no âmago do ser.
Diante do túmulo, existem mais incertezas do que certezas. O momento da morte é solene, difícil. Para quem vai e para quem fica. A sepultura é uma barreira, um silêncio doloroso, uma incógnita infinita. Nos muitos equívocos traçados ao longo do caminho, afirmou-se que deveríamos esquecer quem partiu ou por ele orar como morto no trânsito entre o céu e o inferno, para rogar a Deus que evite seja jogado no fogo do remorso ou da culpa. Ou então, nos diziam que embora existindo além da sepultura, quem morre voa como passarinho em busca de paisagens celestes e nem se importa com quem fica na superfície do planeta azul, de provas e expiações. Ou, ainda mais cruel, como pregam as religiões, dizendo que quem penetra no céu esquece quem ficou no inferno, dourando pílula do egoísmo ou justificando a secura do coração, o apagar do amor e da saudade.
O que sustenta a vida num universo que nos parece assustador e impessoal, é justamente o afeto, essa misteriosa força que nos arrasta uns para os outros, que nos faz perdermo-nos nos abismos e nos faz erguer às alturas. Ah! Esse trânsito de ida e vinda, porque como diz a canção, a mesma estação é para quem chega e para quem parte. Ah! essa busca de amor, essas lembranças, esses pedidos perdidos no ar: não me esqueças ... não partas... No silêncio de muitos espíritos vivem lembranças de amores não vividos, de esperanças não realizadas, mas também sonhos realizados, faces queridas a se multiplicarem no rodopiar incessante das voltas que a vida dá.
A solidão dói como espinho de insatisfação, penetrando as carnes da alma. As mãos murcham, os olhos morrem, o coração descompassa porque o cheiro do outro, a vibração do outro, até o problema do outro, são necessários para dar sentido à marcha sem sentido que cada um segue para um destino desconhecido.
A experiência afirma que viveremos sempre, que o amor não se perde, nem a esperança. As lembranças podem ser ácido sobre o coração ou aragem suave e perfumada numa tarde de verão... pêndulo da vida!" (Jaci Régis)

quinta-feira, 29 de março de 2012

Clara de Assis:a coragem de uma mulher apaixonada
Há 800 anos, na noite de 19 de março de 1221, dia seguinte à festa de Domingos de Ramos, Clara de Assis, toda adornada, fugiu de casa para unir-se ao grupo de Francisco de Assis na capelinha da Porciúncula que ainda hoje existe. As clarissas do mundo inteiro e toda a família franciscana celebram esta data que significa a fundação da Ordem de Santa Clara espalhada pelo mundo inteiro.
Clara junto com Francisco – nunca devemos separá-los, pois se haviam prometido, em seu puro amor, que “nunca mais se separariam” segundo a bela legenda época – representa uma das figuras mais luminosas da Cristandade. É bom lembrá-la neste mês de março, dedicado às mulheres. Por causa dela, há milhões de Claras e Maria Claras no mundo inteiro. Ela, de família nobre de Assis, dos Favarone, e ele, filho de um rico e afluente mercador de tecidos, dos Bernardone.
Com 16 anos de idade quis conhecer o então já famoso Francisco com cerca de 30 anos. Bona, sua amiga íntima conta, sob juramento nas atas de canonização, que entre 1210 e 1212 Clara “foi muitas vezes conversar com Francisco, secretamente, para não ser vista pelos parentes e para evitar maledicências”. Destes dois anos de encontro nasceu grande fascínio um pelo outro. Como comenta um de seus melhores pesquisadores, o suíço Anton Rotzetter em seu livro Clara de Assis: a primeira mulher franciscana (Vozes 1994): “neles irrompeu o Eros no seu sentido mais próprio e profundo pois sem o Eros nada existe que tenha valor, nem ciência, nem arte, nem religião, Eros que é a fascinação que impele o ser humano para o outro e que o liberta da prisão de si mesmo”(p. 63). Esse Eros fez com que ambos se amassem e se cuidassem mutuamente mas numa transfiguração espiritual que impediu que se fechassem sobre si mesmos. Francisco afetuosamente a chamava de a “minha Plantinha”. Três paixões cultivaram juntos ao longo de toda vida: a paixão pelo Jesus pobre, a paixão pelos pobres e a paixão um pelo outro. Mas nesta ordem. Combinaram então a fuga de Clara para unir-se ao seu grupo que queria viver o evangelho puro e simples.
A cena não tem nada a perder em criatividade, ousadia e beleza, das melhores cenas de amor dos grandes romances ou filmes. Como poderia uma jovem rica e bela fugir de casa para se unir a um grupo parecido com aos “hippies” de hoje? Pois assim devemos representar o  movimento inicial de Francisco. Era um grupo de jovens ricos, vivendo em festas e serenatas que resolveram fazer uma opção de total despojamento e rigorosa pobreza nos passos de Jesus pobre. Não queriam fazer caridade para pobres, mas viver com eles e como eles. E o fizeram num espírito de grande jovialidade, sem sequer criticar a opulenta Igreja dos Papas.
Na noite do dia de 19 de março, Clara, escondida, fugiu de casa e chegou à Porciúncula. Entre luzes bruxoleantes, Francisco e os companheiros a receberam festivamente. E em sinal de sua incorporação ao grupo, Francisco lhe cortou os belos cabelos louros. Em seguida, Clara foi vestida com as roupas dos pobres, não tingidas, mais um saco que um vestido. Depois da alegria e das muitas orações foi levada para dormir no convento das beneditinas a 4 km de Assis. 16 dias após, sua irmã mais nova, Ines, também fugiu e se uniu à irmã. A família Favarone tentou, até com violência, retirar as filhas. Mas Clara se agarrou às toalhas do altar, mostrou a cabeça raspada e impediu que a levassem. O mesmo destemor mostrou quando o Papa Inocêncio III não quis aprovar o voto de pobreza absoluta. Lutou tanto até que o Papa enfim consentisse. Assim nasceu a Ordem das Clarissas. Seu corpo intacto depois de 800 anos comprova, uma vez mais, que o amor é mais forte que a morte.
Leonardo Boff é teólogo, filósofo e escritor
Artigo extraído do portal Adital

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Oswald de Andrade e os 90 anos da Semana de Arte Moderna
Meu nome é Oswáááld
Oswald de Andrade nasceu em 1890. Paulistano, viveu no bairro do Brás e no centro da cidade. Seu nome foi dado pela avó, Dona Antônia, inspirada pelo personagem Oswald, de um romance francês intitulado Corina, escrito por Madame de Staël. Por isso, a pronúncia 'correta' do nome do escritor e expoente do modernismo literário brasileiro é Oswáld (à francesa) e não Ôswald (à inglesa), como nos habituamos a chamá-lo. Esta história está detalhada no livro de memórias do escritor, chamado Um homem sem profissão.
Exposição Oswald de Andrade: o culpado de tudo, em cartaz no Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, para lembrarmos a trajetória deste que foi um dos maiores agitadores culturais do Brasil de todos os tempos. Junto de outros modernistas – como Mário de Andrade, Anita Malfatti, Menotti Del Picchia, Tarsila do Amaral, Villa-Lobos, Guilherme de Almeida – Oswald mudou nosso olhar sobre a cultura brasileira e agitou o Theatro Municipal de São Paulo na Semana de Arte Moderna, em 1922.

terça-feira, 31 de janeiro de 2012


No meio das trevas, sorrio à vida,
como se conhecesse a fórmula mágica que transforma o mal
e a tristeza em claridade e em felicidade.
Então, procuro uma razão para esta alegria, não a acho
e não posso deixar de rir de mim mesma.
Creio que a própria vida é o único segredo.
Rosa Luxemburgo

O pé de pêra

Um homem tinha quatro filhos. Ele queria que seus filhos aprendessem a não ter pressa quando fizessem seus julgamentos. Por isso, convidou cada um deles para fazer uma viagem e observar uma pereira plantada num local distante.

O primeiro filho chegou lá no INVERNO, o segundo na PRIMAVERA, o terceiro, no VERÃO e o quarto, o caçula, no OUTONO.

Quando eles retornaram, o pai os reuniu e pediu que contassem o que tinham visto.

O primeiro chegou lá no INVERNO. Disse que a árvore era feia e acrescentou: “ – Além de feia, ela é seca e retorcida!”

O segundo chegou lá na PRIMAVERA. Disse que aquilo não era verdade. Contou que encontrou uma árvore cheia de botões, e carregada de promessas.

O terceiro chegou no VERÃO. Disse que ela estava coberta de flores, que tinham um cheiro tão doce e eram tão bonitas, que ele arriscaria dizer que eram a coisa mais graciosa que ele jamais tinha visto.

O último filho chegou no OUTONO. Discordou dos irmãos dizendo que a árvore estava carregada e arqueada cheia de frutas.

O pai então explicou a seus filhos que todos eles estavam certos, porque eles haviam visto apenas uma estação da vida da árvore…

Ele disse que não se pode julgar uma árvore, ou uma pessoa, por apenas uma estação.

A essência do que se é, (como o prazer, a alegria e o amor que vem da vida) só pode ser constatada no final de tudo, exatamente como no momento em que todas as estações do ano se completam!

Se alguém desistir no INVERNO, perderá as promessas da PRIMAVERA, a beleza do VERÃO e a expectativa do OUTONO.
Não permita que a dor de uma estação destrua a alegria de todas as outras. Não julgue a vida apenas por uma estação difícil.Persevere através dos caminhos difíceis e melhores tempos certamente virão

Autor desconhecido.

domingo, 29 de janeiro de 2012

 Festa em louvor ao Bom Jesus da Passagem, imagem da Nossa Senhora da Conceição da Praia 22 /jan/12
                            Visita da imagem do Pai Eterno a cidade de Pojuca em 2011
                            O Cristo Redentor, um dos símbolos do Rio de Janeiro, sobre as nuvens.
                                                            Jornal Correio do Brasil 29/01/12

Verão jan/2012 Praia de Imbassaí




Mensagem de esperança

sábado, 28 de janeiro de 2012

Por do sol Praia de Imbassaí

Igreja matriz do Bom Jesus da Passagem as primeiras reformas

Momentos da Festa do Bom Jesus da Passagem 22 de jan/2012

Outrora sentávamos a porta de casa para brincar, cantar, sorrir... Sabado todos a missa. Mas tarde, veio a televisão e nos tirou da calçada e levou-nos para sala. Já não podíamos conversar nem gargalhar o silêncio imprescindível para entender a novela e tudo mais. Amigos só os da escola, da rua, do verão. As fotos amarelaram com o tempo. Hoje quase não brincamos, o nosso álbum fica na net, fazemos amizade virtual e quase nunca vamos à missa. O evangelho do dia, as vezes, não lembramos, nem prestamos atenção. Mas tudo da novela se sabe contar! Faz-se uma verdadeira viagem pela globo. Malhação, Fina estampa BBB e só vamos dormir altas horas da noite. Ainda bem que nem tudo está perdido! Nesse mundo virtual do qual nos recolhemos podemos escrever para os nossos amigos, fazer visitas aos seus albuns e ainda falar do nosso amigo maior Deus.
Tania Hosana.